Vocês , os que fazem perguntas
e perguntas cíclicas,
confusas e teimosas,
pois digo-vos, e se repetir
for preciso, reafirmo:
" Não tenho respostas
que vos sirva"
O que sei da vida é pouco
Muito pouco
Tão pouco que caberia
com folga
sobre a pétala
de uma rosa
O que sei, se sei,
é um olho branco,
apenas um -
bonito, suspenso, indivisível
Vocês que perguntam!
O que querem que
vos responda?
Não tenho resposta
Tudo que sei é mínimo
Tão mínimo que não daria
sequer para encher
uma barquinha de papel
O que sei
é de voo apenas
De voos, eu sei
mas o voo não é resposta
Sei do líquen
sobre a pedra
Da coisa húmida, lisa, viva
que faz o pé desprevenido
resvalar na sensação
de um abismo tangível
Ai vocês! Vocês, os perguntadores!
Pois eu não sei das respostas
que combinam com as vossas perguntas
Só sei das respostas
que rimam ...que cantam....
Não vêem que quero ser poeta?
O que sei é
que a probabilidade de uma ave,
neste instante,
cair sobre a vossa cabeça,
devido à direcção dos ventos
e à época do ano,
é de 0,052 por cento
O que sei é
o que as estatísticas provam :
De cem-mil-milhões de perguntas,
a resposta certa só
se concede a uma -
apenas a uma, de cada vez!
O que sei,
o que sei
é nada
No entanto,
o que sei
está sempre inquieto, mexe, renhido,
ao longo dos meus dias,
livrando-se de sílabas,
tornando-se cada vez mais límpido!
Bê