Sempre apreciei os grupos. tão protegidos, calados uns nos outros. imersos em devaneios sobre a união...Da varanda, aprecio o bordão do mar e não penso em nenhuma poesia. há mesmo algum propósito nisso.
De longe, assisto ao ir e vir do mar. Sei ter o mesmo velho espasmo violento com que poetas sucumbem quando não sabem- quando não querem- quando não conseguem.Qual era a minha vontade? Era abrir já todas as janelas. Ouvir melhor os risos que vêm de longe. A noite é imensa e a praia está vazia...tenho recordações amontoadas, saudades certeiras, flechas pontiagudas que nunca achei, chegariam a ferir com sorte, um ou outro coração enjaulado como este que escreve.Temo mesmo em apagar-me com o tempo, como um acento, uma letra velha que não encontrou a palavra certa para abrigar-se. No entanto, ainda escrevo.
Permaneço aqui e passeio.
Mantenho a sincronização da burrisse dos tantos versos estúpidos (quando os escrevo) com a mania de tamborilar com os dedos sobre a mesa - enquanto espero a próxima onda surgir já alta, lá longe. Eu não aprecio viagens longas, mas gosto de ausentar-me para muito longe e de ir embora sem que me toquem ao sair.
Inexplicável, as horas passam sem nenhuma estrela.

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