Ah, estas folhas de poemas que trago guardadas
Ah, estes véus arrancados da cabeça de noivas tontas
Estes silêncios meus
Silêncios vastos
Estes silêncios escuros
quando invocados nas covas
para o furto
O leito quente
Sobre o lençol,
Corpos suados, etéreos,
sem pele, em fuga,
cheios de pecados santos
Sempre que escrevo
fica em mim a sensação
de que andei a espiar
o que não devia
A sensação de contar um segredo terrível
De ter roubado uma estrela pálida
com medo na mão
aberta à ponta de cada dedo
Esta minha mão depois que escrevo
Concede-me o teu perdão
Violei sacrários
Roubei a rosa.
Verti a taça no chão.
Quebrei corpos de vidro até encontrar a pura voz
O que fazer com este bicho
que me habita? Este ladrão?
Ah...suave atroz destino.
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