
Definitivamente: Eu não sei interagir. Não sei se me sinto mal neste mundo por que sou muito pequeno para ele, ou se porque sou gigante. Creio que depende do dia, e dos pontos de vista. No meu ponto de vista particular, é porque o meu corpo não acompanhou a cabeça.
Ontem passei montes de tempo a auto-analisar, sério, não tinha merda nenhuma mais interessante para fazer se não isso.
Então fui a um tal “sarau” em Sintra.
Cheguei meia hora adiantado, já estava sem cigarros e com cólicas.
Já estava farto da porta. Verdade. Não tinha nem entrado ainda. E já estava farto.
A casa era linda. Não tenho o que dizer. Numa rua mais linda ainda. E tinha toda aquele povo cultureba lá dentro, a proclamada geração saúde. Ninguém fumava. Ninguém bebia. Eram todos artistas de alguma forma. A maioria era composta por músicos.
Fiquei um tempão a ser levado para cima e para baixo pelo artista plástico (não recordo o nome) simpático que me achou um nojo de pessoa. As pinturas dele eram muito boas. Mesmo. Mas não foi o suficiente para encher de beleza o meu dia, que estava em outras paisagens.
Encostei-me num canto.
Todos foram ver as pinturas, tiraram fotos. Apagaram-se as luzes. “uuuuhhh”. Acendi a luz, quando me dei conta que o feitor de tal proeza era eu porque tinha-me encostado ao interruptor.
Todos os admiradores de artes plásticas acharam-me engraçado. “Quero sair daqui”, disse eu, para o artista & professor de pintura. Ele apenas concordou que seria bom. Desci as escadas sempre com cuidado com o meu casaco para não pegar fogo, dadas as velas que estavam nos dois cantos de todos os degraus.
Pedi o isqueiro ao rapazinho da porta, que ficou todo chateado por ter que mo emprestar pela segunda vez . Se eu tivesse um Zippo como o dele, acenderia o cigarro de toda a gente. Já faço isso com o meu Bic.
“Aproveita esse Zippo , abaixa as calças, empina o cú, e...”. Mas eu sou educado.
Entrei novamente. Ah, e não paguei os 4 euros da entrada. À porta disseram “Quatro Euros”. Eu disse “tá”. E entrei. Pensei que era para pagar na saída. Mas não era. E eu entrei. Senti-me mal quando me apercebi disso, mas acho que não devia . Quero dizer, 4 euros não pagavam, de maneira alguma, a paciência que eu perdi. Mas poderia comprar um maço de cigarros, já que os meus haviam acabado. Aliás, poderia comprar um maço e um isqueiro Bic.
Começou o “espetáculo”. Uh. Primeiro achei que aconteceria algo extraordinário. Quero dizer, ouvi cânticos numa língua que não conhecia, pessoas batendo em tambores, flautas e umas varas que nem sei o nome, a fazer plé plé. Boa. Daqui a pouco vou entrar ali no meio e fazer uma dança moçambicana. Não é ironia. Eu queria mesmo.
Mas não deu tempo, porque desfizeram a roda e os batedores de bombo e flautistas entraram para o que chamavam palco. Não era um palco. Era um canto com uns tapetes e uns instrumentos. Todos nós entramos atrás e acomodamo-nos apertados uns aos outros no chão. Afinal, era um sarau.
Tirei o casaco.
A banda tocou umas músicas que diziam coisas como “você pode ser o que você quiser” entre outras mensagens positivas, embalados nas palmas dos espectadores – excepto... quem?... hummm... eu – e disse um segredo ao ouvido do que estava ao lado “tou a sentir-me quase num show do Tony Carreiras” embora eu nunca tenha ido – e nem pretenda – ir a um show desse parvo.
Percebi um desapontamento no olhar dele que quase me deu vontade de fingir que estava a adorar. Mas eu disse “quase”.
Fui lá fora e acendi outro cigarro (conseguido por puro milagre, de uma menina que também estava revoltada por não houver cinzeiros no meio de todos aqueles lixos de plaquinhas com dizeres tipo “alumínio”, “plástico”, etc). Aproveitei o isqueiro dela e acendi numa das velas que estavam sobre a mesa.
Um parvalhão achou que a minha lata de cerveja estava vazia e soltou uns papéis amassados lá para dentro. Eu gritei, (em pensamento) “ filha da puta”.
Voltaram as cabeças para palco novamente, enquanto eu permaneci ao lado do bar para trocar a minha cerveja-com-papel pela cerveja-sem-papel.
Agora, eu estou com dor de garganta. Sofri a noite inteira. Como vou hibernar até me sentir um pouco melhor, passo o dia na frente do computador a escrever e-mails, inventar surpresas e redigir textos. E claro, a engolir comprimidos.
Ontem passei montes de tempo a auto-analisar, sério, não tinha merda nenhuma mais interessante para fazer se não isso.
Então fui a um tal “sarau” em Sintra.
Cheguei meia hora adiantado, já estava sem cigarros e com cólicas.
Já estava farto da porta. Verdade. Não tinha nem entrado ainda. E já estava farto.
A casa era linda. Não tenho o que dizer. Numa rua mais linda ainda. E tinha toda aquele povo cultureba lá dentro, a proclamada geração saúde. Ninguém fumava. Ninguém bebia. Eram todos artistas de alguma forma. A maioria era composta por músicos.
Fiquei um tempão a ser levado para cima e para baixo pelo artista plástico (não recordo o nome) simpático que me achou um nojo de pessoa. As pinturas dele eram muito boas. Mesmo. Mas não foi o suficiente para encher de beleza o meu dia, que estava em outras paisagens.
Encostei-me num canto.
Todos foram ver as pinturas, tiraram fotos. Apagaram-se as luzes. “uuuuhhh”. Acendi a luz, quando me dei conta que o feitor de tal proeza era eu porque tinha-me encostado ao interruptor.
Todos os admiradores de artes plásticas acharam-me engraçado. “Quero sair daqui”, disse eu, para o artista & professor de pintura. Ele apenas concordou que seria bom. Desci as escadas sempre com cuidado com o meu casaco para não pegar fogo, dadas as velas que estavam nos dois cantos de todos os degraus.
Pedi o isqueiro ao rapazinho da porta, que ficou todo chateado por ter que mo emprestar pela segunda vez . Se eu tivesse um Zippo como o dele, acenderia o cigarro de toda a gente. Já faço isso com o meu Bic.
“Aproveita esse Zippo , abaixa as calças, empina o cú, e...”. Mas eu sou educado.
Entrei novamente. Ah, e não paguei os 4 euros da entrada. À porta disseram “Quatro Euros”. Eu disse “tá”. E entrei. Pensei que era para pagar na saída. Mas não era. E eu entrei. Senti-me mal quando me apercebi disso, mas acho que não devia . Quero dizer, 4 euros não pagavam, de maneira alguma, a paciência que eu perdi. Mas poderia comprar um maço de cigarros, já que os meus haviam acabado. Aliás, poderia comprar um maço e um isqueiro Bic.
Começou o “espetáculo”. Uh. Primeiro achei que aconteceria algo extraordinário. Quero dizer, ouvi cânticos numa língua que não conhecia, pessoas batendo em tambores, flautas e umas varas que nem sei o nome, a fazer plé plé. Boa. Daqui a pouco vou entrar ali no meio e fazer uma dança moçambicana. Não é ironia. Eu queria mesmo.
Mas não deu tempo, porque desfizeram a roda e os batedores de bombo e flautistas entraram para o que chamavam palco. Não era um palco. Era um canto com uns tapetes e uns instrumentos. Todos nós entramos atrás e acomodamo-nos apertados uns aos outros no chão. Afinal, era um sarau.
Tirei o casaco.
A banda tocou umas músicas que diziam coisas como “você pode ser o que você quiser” entre outras mensagens positivas, embalados nas palmas dos espectadores – excepto... quem?... hummm... eu – e disse um segredo ao ouvido do que estava ao lado “tou a sentir-me quase num show do Tony Carreiras” embora eu nunca tenha ido – e nem pretenda – ir a um show desse parvo.
Percebi um desapontamento no olhar dele que quase me deu vontade de fingir que estava a adorar. Mas eu disse “quase”.
Fui lá fora e acendi outro cigarro (conseguido por puro milagre, de uma menina que também estava revoltada por não houver cinzeiros no meio de todos aqueles lixos de plaquinhas com dizeres tipo “alumínio”, “plástico”, etc). Aproveitei o isqueiro dela e acendi numa das velas que estavam sobre a mesa.
Um parvalhão achou que a minha lata de cerveja estava vazia e soltou uns papéis amassados lá para dentro. Eu gritei, (em pensamento) “ filha da puta”.
Voltaram as cabeças para palco novamente, enquanto eu permaneci ao lado do bar para trocar a minha cerveja-com-papel pela cerveja-sem-papel.
Agora, eu estou com dor de garganta. Sofri a noite inteira. Como vou hibernar até me sentir um pouco melhor, passo o dia na frente do computador a escrever e-mails, inventar surpresas e redigir textos. E claro, a engolir comprimidos.

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